Releitura não é cópia, você sabia?
Caike PORCEMTO
4/26/2025


Releitura não é Cópia
Oi, me chamo Caike Porcemto.
Pode até parecer que esse texto é voltado pra outros tatuadores, mas não é. Minha intenção aqui é falar com você, cliente. Porque, no fim das contas, são vocês que realmente importam quando o assunto é tatuagem.
Pensei em transformar esse tema num quadro pro YouTube, onde eu mostro na prática como usar bem referências da internet. Mostrar que releitura não é cópia, e que tem um jeito certo (e artístico) de se inspirar em algo.
Todo mundo vê como o mundo da tatuagem tá crescendo — mais tatuadores, mais estúdios, mais cursos… Mas pouca gente percebe que o que realmente tá crescendo são as empresas de remoção de tatuagem.
Ou seja: tem muita gente se dizendo tatuador, mas na prática nem dá pra chamar de profissional.
É comum ver cliente pagando caro por uma tatuagem que, sinceramente, se tivesse comprado uma maquininha no site e tentado fazer sozinho, teria saído melhor. Triste, mas real.
E grande parte das pessoas que estão removendo tatuagens hoje em dia não se arrependem do desenho em si, mas do jeito como foi feito. E, pasme: muitas dessas tatuagens são cópias.
Agora me diz: como alguém que copia um desenho — sem entender nada da técnica ou do estudo por trás da arte original — vai conseguir entregar algo bonito? Spoiler: não vai. O que entrega é frustração, arrependimento e mais um nome na fila da clínica de remoção.
Mas, então… o que é Releitura?
Como o próprio nome já entrega, releitura é relê uma obra. É fazer uma nova leitura a partir de algo que já existe, colocando a sua visão sobre aquilo.
Não é refazer a mesma coisa com o mesmo traço, técnica ou material. Isso seria uma cópia. A releitura é uma criação nova, com alma, com intenção. Algo que se conecta à obra original, mas caminha com as próprias pernas.
Tem releitura em forma de escultura, fotografia, moda, desenho… não importa a linguagem. O que importa é ter uma base de inspiração, e criar algo novo a partir disso.
No caso da tatuagem, a releitura exige o mesmo pensamento. Um tatuador artista vai olhar uma referência e, com base naquilo, criar algo autoral. Mantém a essência, mas traduz com o próprio estilo.
A diferença entre Releitura e Cópia
Se você entendeu até aqui, já percebeu que cópia e releitura são bem diferentes. Mas vamos reforçar:
🔹 Cópia é quando se tenta reproduzir cada linha, cada sombra, cada detalhe de um desenho. É uma falsificação, mesmo que feita com "boas intenções".
🔹 Releitura é quando você se inspira, interpreta e recria algo a partir de uma referência.
Na arte, a cópia até pode ter função no aprendizado, pra entender técnica. Mas como obra final? Não vale. Já a releitura tem valor artístico e pode sim ser considerada uma obra original — mesmo partindo de outra.
Agora, no mundo real da tatuagem, muita gente ainda confunde essas coisas. Tem tatuador que vira impressora humana. E pior: tem cliente que leva um print do Pinterest e acha que vai sair igual. Spoiler 2: não vai. E quando não sai, vem o arrependimento.
Exemplos de Releituras que Funcionam
Pra mostrar que releitura é coisa séria (e linda), olha esses exemplos:
O artista Tarik Klein criou o “Van Dogh”, uma releitura das obras de Van Gogh usando um cachorro como personagem principal. Sensacional, né?
O próprio Pablo Picasso dedicou parte da vida a estudar e reinterpretar obras de outros mestres. Sua releitura de “Jantar na Relva”, de Manet, virou uma de suas obras mais conhecidas.
E tem também o Maurício de Sousa, que teve a sacada genial de trazer a Turma da Mônica para dentro de obras clássicas da pintura. “Rosa e Azul”, de Renoir, virou “Magali e Mônica de Rosa e Azul”. E a icônica “Monalisa” deu origem à “Mônica Lisa”.
Todos esses exemplos mostram como é possível manter uma conexão com a obra original, mas criar algo novo, com identidade própria.
Conclusão: Seu Corpo Merece Arte de Verdade
O que eu quero te mostrar é simples: você merece mais do que uma cópia mal feita. Seu corpo merece uma arte feita especialmente pra você.
Se você quer eternizar uma imagem, uma ideia ou uma sensação na pele, procure um tatuador que seja artista de verdade. Um profissional que saiba interpretar, criar e respeitar a referência que você trouxe, transformando aquilo em uma releitura única.
Porque quando tudo dá errado, e você acaba voltando pro tatuador dizendo “não ficou igual à imagem que levei”, ele pode até responder: “mas foi você que quis assim”. Mas a verdade é que a responsabilidade de quem aceita copiar também é grande.
Então, antes de tatuar, escolha com cuidado. E lembre: releitura é respeito à arte — e à sua pele também.
Nos próximos posts e vídeos, vou mostrar exemplos práticos de como transformar uma referência em uma boa releitura. Fica por aqui que vai valer a pena.
Até a próxima!